Acid, Bebop, Free. Você conhece os termos do jazz?

14.10.2019

Você sabe o que é Acid Jazz, Bebop, Free Jazz ou Jam Session?
Para amantes do jazz todas essas palavras são bem corriqueiras, mas para quem não é especialista no estilo, tais definições podem soar um pouco estranhas.

Além dos vocábulos ligados diretamente ao jazz, o glossário a seguir traz termos mais gerais do mundo musical, como o Oud, um instrumento de cordas também conhecido como alaúde árabe, incorporado por músicos como Dhafer Youssef, que se apresenta no Sesc Pompeia, 18/10, Sesc Bauru, 19/10 e no Teatro Municipal de Ribeirão Preto, 20/10).

Frouxolão e Zig-Zum.
Termos utilizados pelos violonistas Luiz Bueno e Fernando Melo (Duo+2)

Confira a lista e aproveite para se familiarizar com a linguagem usada nesta edição do Sesc Jazz.

Acid jazz – Gênero musical definido no final dos anos 1980 a partir da junção dos termos “jazz” e “acid house”, um tipo de música eletrônica. O estilo evoluiu a partir de colagens, feitas por DJs em compilações lançadas na Inglaterra, que misturavam faixas de jazz a batidas eletrônicas. Bandas inglesas, como Incognito e Jamiroquai, passaram a se inspirar nessa sonoridade, criando uma música mais dançante rotulada como acid jazz.

Afrobeat – Gênero que surge a partir do trabalho de bandas como a Africa 70, do compositor nigeriano Fela Kuti. Resulta da fusão de jazz, soul e música highlife já experimentada por seus predecessores, como o saxofonista Orlando Julius.

Afrofuturismo – Expressão criada em 1994 pelo autor e ensaísta norte-americano Mark Dery para se referir a um movimento cultural e artístico que, desde meados dos anos 1950, mistura a tradição ancestral dos povos africanos a temas futuristas e de ficção científica. O afrofuturismo aparece na literatura, nas artes plásticas e no cinema. Na música, foi originalmente representado pelo compositor norte-americano Sun Ra.

Bebop – Estilo que nasceu nos anos 1940 nos Estados Unidos e é considerado o início do jazz moderno. O nome remete ao barulho que os martelos faziam na construção das ferrovias norte-americanas. Caracterizado por ritmos mais rápidos, o bebop não se destinava à dança e convidava à escuta mais atenta. A ênfase maior era dada à técnica e às harmonias mais complexas. O saxofonista Charlie Parker (1920-1955) é considerado o pai do estilo, ao lado do trompetista Dizzy Gillespie (1917-1993).

Broken beat – Estilo de música eletrônica caracterizado pelo uso de ritmos de bateria sincopados, ou seja, em que as batidas se comportam de forma inesperada, fora do fluxo regular. Surgido a partir da tradição de bateristas de jazz dos anos 1970, se popularizou nos anos 1990 por meio de grupos como o inglês Bugz in the Attic.

Conga – Instrumento de percussão cubano, alto, com formato de barril e origem africana – possivelmente derivado de tambores tradicionais congoleses chamados makuta. As congas foram centrais na definição da sonoridade da rumba cubana, mas o seu uso também se espalhou por outros gêneros musicais de ascendência latina, como a salsa, e na fusão deles com o jazz. 

Dancehall – Tipo de música popular jamaicana, cujo nome vem dos salões de dança do país onde essas produções eram ouvidas. É um derivado do reggae, mais focado nas bases instrumentais, que com o tempo incorporou elementos eletrônicos, principalmente a partir dos anos 1980. Na última década, encontrou espaço na cena pop por meio de artistas como Rihanna e Major Lazer.

Electro – Gênero musical originado nos anos 1980 e definido pelo uso de bateria eletrônica, especialmente o modelo TR-808 da fabricante japonesa Roland, além de samples – trechos instrumentais e vocais extraídos de outras músicas, reaproveitados em uma nova faixa em diferente contexto criativo e de arranjo. Entre os expoentes do electro está o produtor norte-americano Afrika Bambaataa.

EP – Sigla para extended play, um formato de disco que contém mais faixas que um single, mas não tantas quanto um álbum, ou LP (long play).

EVI – Sigla em inglês para instrumento eletrônico valvulado, refere-se a uma classe de instrumentos que utilizam o sopro para produzir sonoridades eletrônicas. É uma categoria de sintetizador eletrônico de sopro.

Marshall Allen tocando seu EVI.

Frouxolão – Termo cunhado por Duofel. A sexta corda do violão de nylon é afrouxada ao máximo. Desta forma, amplia-se o efeito de melodia percussiva.

Free jazz – Gênero desenvolvido a partir dos anos 1960, dos esforços de músicos dessa geração para romper com os moldes estabelecidos no jazz convencional até então, explorando variações incomuns de tons e acordes. O saxofonista Ornette Coleman foi quem cunhou o termo, ao lançar em 1961 o álbum “Free Jazz: A Collective Improvisation”, em que dois quartetos improvisavam simultaneamente em diferentes canais de áudio.

Groove – Elemento musical caracterizado pela repetição dos sons produzidos por um conjunto de instrumentos em uma música, da seção rítmica da banda, como contrabaixo e bateria.

Hardcore jazz – Também conhecido como punk jazz ou jazzcore, é uma subcategoria do jazz que incorpora elementos musicais e estéticos do punk rock, com uma sonoridade mais acelerada e agressiva. O saxofonista e compositor americano John Zorn é um dos representantes do gênero.

Highlife – Gênero surgido na região da atual Gana, no início do século XX, resultado da fusão de estilos tradicionais africanos com influências dos colonizadores britânicos, como o foxtrot. O nome do gênero, highlife, vinha do fato de as bandas tocarem em clubes fechados, mais caros, que eram frequentados por cidadãos com mais dinheiro.

Orlando Julius and The Heliocentrics são um exemplo do estilo Highlife.

Jam sessions – A expressão em inglês se refere a encontros e eventos informais, mais descontraídos, em que os músicos podem explorar acordes, melodias e ritmos em sequências de improviso.

Klezmer – Tipo de música judaica surgida inicialmente no Leste Europeu, caracterizada pelo seu estilo dançante, comum em casamentos e outras festas. Levado para os Estados Unidos por comunidades judaicas, fundiu-se à sonoridade do jazz.

Lineup – Termo em inglês que, na música, geralmente se refere à escalação de integrantes em uma banda. Mas também pode se referir à lista de bandas em um festival, por exemplo.

Oud – Instrumento de cordas também conhecido como alaúde árabe. No jazz, foi incorporado por músicos de origem árabe, como Dhafer Youssef.

Riff – Uma frase instrumental que se repete, formada por uma sequência de acordes que funcionam como base das harmonias em faixas de rock, jazz e outros estilos musicais. Por serem marcantes, essas frases acabam se tornando “assinaturas”, ou “marcas registradas” das músicas. 

Scratch – Vem da palavra em inglês “arranhar”. É o som característico produzido quando o DJ manipula a rotação de um vinil em um toca-disco com as mãos, produzindo um efeito sonoro que se tornou parte da sonoridade do rap a partir de meados dos anos 1970.

Suingue (Swing) – Estilo de jazz que se desenvolveu nos Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1940, caracterizado pelas batidas sincopadas e mais dançantes tocadas por big bands, ou orquestras. Entre os representantes dessa era estão os trombonistas Glenn Miller e Tommy Dorsey, e os pianistas Count Basie e Duke Ellington – todos exemplos de bandleaders (líderes de orquestras) da época.

Trip hop – Termo usado inicialmente para definir a sonoridade de bandas inglesas, especialmente da cidade de Bristol, como Massive Attack e Portishead, que se destacaram nos anos 1990 por misturar hip hop, música eletrônica e psicodélica. O resultado é uma música mais lenta, pesada e “viajante”.

Urban jazz – O termo se refere ao som produzido por uma leva de artistas que, a partir dos anos 1990, começou a misturar jazz à música eletrônica, principalmente ao broken beat. O gênero ganhou corpo com o surgimento de artistas e produtores de Los Angeles, nos Estados Unidos, como Flying Lotus e Thundercat. No Brasil, é representado pelo pianista carioca Jonathan Ferr.

Vocoder – Instrumento eletrônico que processa o sinal da voz, transformando o seu timbre de diferentes formas. Foi originalmente desenvolvido em 1928, pela empresa norte-americana de telecomunicações Bell Labs. Principalmente a partir dos anos 1970, começou a ser usado de forma criativa, ligado a teclados sintetizadores, por artistas como a banda alemã Kraftwerk, para criar vocais com timbres robóticos. Seu uso pode ser ouvido também em faixas como “Intergalactic” do grupo norte-americano de rap Beastie Boys.

Zig zum – Termo cunhado pelo violonista João Mendes Nogueira, irmão de Paulinho Nogueira. Como o arco “normal” não pode alcançar as cordas centrais do violão, utilizam um pequeno arco de madeira, o zig zum, que inserem entre as cordas, friccionando-as.

Fontes
Allmusic.com – https://www.allmusic.com
Discogs – https://www.discogs.com
Duofel – https://www.duofel.com
Enciclopédia Britânica – https://www.britannica.com
Encyclotronic – https://encyclotronic.com/
Google Books – https://books.google.com.br
Oxford Music Online – https://www.oxfordmusiconline.com/
Oxford Bibliographies – https://www.oxfordbibliographies.com/
Roland – https://www.roland.com/


Edição: Carol Vidal, coordenadora do conteúdo online do Sesc Jazz e editora web do Sesc Avenida Paulista.

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