As origens “picantes” do termo jazz

11.10.2019

Muito se especula sobre a origem da palavra “jazz”, mas, em vez das versões “comportadas”, resolvemos falar sobre as mais “picantes” que circulam por aí.

Gary Bartz, que se apresenta nos dias 16, 18, 19 e 20/10, no Sesc Jazz, apimentou a discussão, em entrevista para a Red Bull Music Academy, com algumas curiosidades sobre o assunto. Segundo o músico, a palavra “jazz” não tem significado, é uma palavra inventada. “Nem sequer é uma palavra real, e as origens da palavra são dos prostíbulos de Nova Orleans”.

O saxofonista Gary Bartz, uma das atrações do Sesc Jazz
(Foto: Alan Nahigian)

Ele conta que os prostíbulos eram os únicos lugares onde a música era tocada e que os músicos usavam a palavra “jazz” para se referir a termos sexuais e até mesmo para o ato sexual em si. “Eles diziam: ‘Estou indo para a casa de jazz para me dar um pouco de jazz’”, revelou Bartz.

E o músico não é o único a fazer uma conexão entre os prostíbulos de Storyville, em Nova Orleans, e o jazz. Se vasculharmos a internet, é possível encontrar dezenas de reportagens que ligam o termo jazz ao bairro da “luz vermelha” da cidade norte-americana.

Buddy Bolden’s band era bastante popular em Nova Orleans de 1900 a 1907
(Foto: Wikimedia Commons/Willie Cornish)

O site de turismo oficial de Nova Orleans, por exemplo, fala que o jazz não surgiu nos prostíbulos de Storyville, mas que os prostíbulos foram, sim, um ambiente propício para os músicos de jazz mostrarem seu trabalho. O texto diz que os bordéis de luxo contratavam pianistas para oferecer música em seus salões antes que os casais subissem. Algumas dessas casas até contratavam “combos de jazz” para entreter os clientes.

Em outra reportagem, do Independent, o blues e as primeiras formas de jazz são considerados como aspectos cruciais do distrito. E que, sem os bares, clubes e bordéis do centro de Nova Orleans (incluindo, e talvez, principalmente Storyville), o blues e o jazz nunca teriam atravessado de maneira espetacular para o mainstream.

A matéria revela ainda que artistas famosos da cena do jazz se apresentaram em bordeis e bares de Storyville. Entre eles, estão o trompetista Manuel Perez, o clarinista e compositor Sidney Bechet – que tocou em um dos locais mais famosos do distrito da luz vermelha, o Jazz Club de Pete Lala –, e Jelly Roll Morton, que compôs o primeiro jazz já publicado: “Jelly Roll Blues”.

Jelly Roll Morton, que compôs o primeiro jazz já publicado
(Foto: Susan Hildinger Hoerner)

Jelly, aliás, teria sido expulso de sua casa (provavelmente na adolescência) pelo bisavô, aparentemente frequentador de igreja, que descobriu que ele tocava piano e cantava em um bordel em Storyville.

Até Louis Armstrong tem uma história curiosa com o bairro. Fala-se que o músico ganhou dinheiro, quando jovem, transportando carvão para os bordéis e bares de Storyville, o que lhe deu a oportunidade de conhecer aquele que se tornaria seu mentor e professor: o famoso astro do jazz King Joe Oliver.

Depois de conhecer o “lado b” do jazz, que tal se envolver ao som dos artistas que se apresentam no Sesc Jazz até o dia 27 de outubro em 12 unidades do Sesc? Fique por dentro da programação.

Texto: Lilian Ambar, editora web do Sesc Sorocaba. Edição: Carol Vidal, coordenadora do conteúdo online do Sesc Jazz e editora web do Sesc Avenida Paulista.

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