28.10.2019
Com três prêmios Grammy no currículo, Terri Lyne Carrington acha que, a partir de um certo patamar da carreira, fazer música só faz sentido se for para ajudar a construir uma sociedade mais justa
Fazer da música um instrumento de busca por um mundo melhor é algo intrínseco ao trabalho do artista. Essa é a opinião da baterista Terri Lyne Carrington, que se apresentou no Sesc Jazz 2019 com seu novo projeto, estruturado em temas relacionadas à justiça social, como igualdade de gênero e prisioneiros políticos, entre outros que fazem parte do mundo como ela o vê.
“Quando você é jovem, tudo que você quer é aprender a tocar um instrumento. Mas quando fica mais velho e começa a entender onde você se encaixa no mundo, é preciso decidir de que lado ficar, pelo que lutar”, afirmou ao Ponto Digital a artista norte-americana, líder do grupo Terri Lyne Carrington and the Social Science Community, que pretende lançar o álbum “Waiting Game” após o festival.
A música, as artes de maneira geral, sempre foram importantes para a justiça social, na opinião dela. Foi assim na luta pela igualdade racial nos anos 60, nos Estados Unidos, e também na África do Sul. “Só podemos fazer o que somos. Só podemos nos expressar artisticamente baseados no que somos como pessoa, na nossa visão de mundo.”
Sobre o Sesc Jazz, Terri Lyne disse ter ficado feliz com a variedade de países representados e com o ecletismo em termos de estilo. “Tem vanguarda, como a Sun Ra Arkestra, tem música brasileira, tem jazz com funk, como nós fazemos, tem jazz tradicional, de caras como o Gary Bartz. O festival tem um amplo espectro e isso é ótimo.”
Terri Lyne já conquistou o prêmio Grammy três vezes e se apresentou ao lado de artistas consagrados como Herbie Hancock, Wayne Shorter e Cassandra Wilson.
Entrevista: Giuliano Martins, editor web do Sesc Jundiaí.
Edição da matéria: Carol Vidal, Livia Deodato e Julio Adamor.