25.10.2019
Lonnie Holley é um sobrevivente. Teve infância difícil – trabalhou desde muito cedo, inclusive catando lixo em um estacionamento de cinema drive-in – mas canalizou essas experiências em uma intensa veia criativa, tornando-se um multiartista conceituado.
Em entrevista exclusiva ao Ponto Digital, Lonnie levanta reflexões sobre o papel que a arte tem em sua vida e para a humanidade. O multiartista se apresenta na última semana do Sesc Jazz no Sesc Piracicaba (24/10), Sesc Sorocaba (25/10) e Sesc Pompeia (26/10).
“A arte salvou minha vida, não há dúvida sobre isso. Após tudo que suportei na minha infância, foi a perda dos meus sobrinhos em um incêndio que me iniciou nessa jornada, jornada que continuo seguindo. Minha irmã não podia pagar pelas lápides, e eu queria fazer algo para ajudá-la, para elevar os espíritos deles. Então eu entalhei as lápides e, depois disso, nunca mais parei de fazer arte. Não foi tão óbvio num primeiro momento, mas eu percebi que criar manteve minha mente longe de todos os maus pensamentos e memórias, para que eu pudesse me dedicar a novos trabalhos e novas memórias.”
Lonnie relata que começou a fazer música depois de encontrar um teclado usado. Para ele, sua música e sua arte visual são como “irmãs siamesas”. “Eu não conseguiria separá-las, mesmo que quisesse. Elas se influenciam de uma maneira que eu nem sempre consigo reconhecer ou sentir.”
Para Holley, a arte é um reflexo e uma ponte para contatar a humanidade. “Eu tento escutar e ver o que acontece no mundo para refletir ou instruir os humanos a fazer melhor. Quando canto, não sei exatamente onde vou buscar inspiração, mas certamente vou para algum lugar. Tento sintonizar meus ancestrais, cavar fundo nas minhas memórias e nas deles”.
Entrevista: Aline de Castro, editora web do Sesc Ribeirão Preto.
Edição da matéria: Carol Vidal, Livia Deodato e Julio Adamor.